Arqueiro Verde

arqueiroUm dos mais improváveis sucessos da DC dos últimos anos lança hoje nas bancas Ano Um, uma das mais recentes permutações da origem do Arqueiro Verde (sim, há várias, como tende a ser o caso nos comics). Foi sobretudo desta obra que bebeu Arrow, a série de TV de grande sucesso que colocou o Arqueiro na ribalta dos super-heróis, o que à partida assegurará uma certa familiaridade a novos leitores que tenham apenas a série como referência.

O Arqueiro Verde é um personagem peculiar, na medida em que foi concebido como uma cópia barata do Batman a nível temático (milionário playboy que jura lutar contra o crime, tem uma criança a servir de ajudante, usa engenhocas e tem uma caverna-flecha, carro-flecha, etc), mas acabou por adquirir uma identidade muito própria com o passar dos anos. De Batman com arco e flecha passou a cruzado social, numa altura em que os comics começaram a esforçar-se mais por espelhar a realidade que lhes era contemporânea, e tornou-se na primeira personagem com certa estatura na DC a manifestar opiniões políticas de orientação muito vincada.  A noção de ter sido uma cópia do Batman perpassou de certa forma para as primeiras temporadas da série de TV, em que Oliver Queen é um vigilante frio, implacável e impiedoso, sem o humor e ligeireza que nunca tinham deixado de o caracterizar – porém, também aí o Arqueiro Verde começou a evoluir para uma identidade mais adequada àquilo que o personagem representa: a busca pela justiça com penacho de capa-e-espada moderna, e uma noção do que está certo e errado turvada por uma certa medida de ideologia.

É isso o que Ano Um apresenta aos leitores, tal como o fizeram as analepses de Arrow do tempo que Oliver Queen passou na ilha onde foi criado o Arqueiro Verde. Recomendado para fãs da série, e não só.