Da produtividade e da falta dela

Não vou estar a dizer nada de novo aqui, mas, a título de reflexão, é impressionante o quão (comparativamente) pouco produtivo me torno quando não tenho a pressão de um prazo ou compromisso concreto.

Continuo a sentir o furor criativo com que o regresso a Allaryia me infundiu, mas esse tem-se traduzido sobretudo em trabalho de pesquisa, ideação e ligação entre os pontos de variados projectos. A escrita propriamente dita (Dragomante e quejandos) tem-se efectuado quase a passo de caracol, e, exceptuando a parte profissional, mesmo o meu ritual de caminhar-trabalhar-exercitar-ler-escrever-jogar tem sofrido quebras.

É possível que esteja a sofrer o equivalente literário de uma depressão pós-parto – já antes aconteceu – mas acho que, acima de tudo, isto é um conto moral e uma advertência para freelancers. Sermos donos e senhores do nosso tempo é fantástico, mas requer uma disciplina rigorosa para evitar estes períodos, em que damos connosco a borregar e nos sentimos tentados a justificá-lo como um descanso merecido depois de um período mais intenso.