Amanhã volto para Portugal, pelo que aproveito para listar aqui três coisas aleatórias sobre Mostar e a Herzegovina.

O mais notável aqui não é a imitação das barras Kinder chocolate, mas o texto linguisticamente inclusivo. Em sérvio, «leite» diz-se mleko, e em croata, mlijeko. Podem arvorar-se como dois idiomas distintos, mas o servo-croata é por muitos considerado uma macro-língua com diferenças maioritariamente políticas e étnicas entre as suas variantes. Assim, é o equivalente a termos em Portugal uma embalagem da Vaca Que Ri a dizer quaijo/quêjo, ou uma bela posta barrosã no talho assinalada como sendo de vitela/bitela.

Já houve McDonald’s na Bósnia-Herzegovina, mas dizem as más-línguas que o concessionário regional geriu mal a coisa, não pagou o que devia e torrou o dinheiro em carros. A marca saiu do país, e, segundo as mesmas más-línguas, agora temos esta alternativa, pela mão do supra-referido concessionário. Cada um que tire as suas conclusões.
O restaurante da imagem acima é um pouco menos descarado, e não tenho quaisquer informações acerca de concessões, mas continuo a achar-lhe uma certa piada. Decididamente, a comida rápida não tem vida fácil num país com tradições tão arraigadas da sua própria comida de rua.

Praticamente todos os anos, são convocados artistas de rua internacionais para decorar os prédios devolutos e as relíquias da guerra em Mostar. Achei particularmente bem apanhado o bordado que este fez em função dos buracos de balas.