De volta à carga

Antes de mais, não queria deixar passar a oportunidade de desejar que o recentemente falecido Robert Jordan descanse em paz. Não se diz mal dos mortos, mas é pelo respeito e admiração pela obra monolí­tica que criou, que eu afirmo que deixou uma marca positiva no mundo durante o tempo que connosco passou. Que alcance o pináculo da sua montanha…

Quanto a esta entrada, o tí­tulo é algo enganoso, pois não estou nem perto de efectuar uma carga, literária ou não. «Encouchado» é a palavra mais adequada ao meu presente estado, ou seja, metido em casa e fingindo-me de doente de cada vez que a musa vem bater à porta. Tal como expliquei na anterior entrada, sinto o tal nervoso miudinho que faz parte dos meus preliminares antes da escrita definitiva de um livro.

Rever os meus apontamentos em nada tem ajudado, pois começo a ver-me confrontado com a sempre desagradável perspectiva de ter que pôr algumas ideias numa fila para o cadafalso. As coisas parecem todas muito bonitas e geniais quando imaginamos uma aventura no decorrer de treze anos, mas a realidade e a iminência dos dois últimos volumes forçam-me a comprimir um pouco a história, e a descartar alguns elementos supérfluos do enredo. Supérfluos, sim, mas já povoam o meu imaginário há muito tempo, e não é tarefa fácil pegar nesses vibrantes pedaços de imaginação e ver esmorecer a luz nos seus figurados olhos ao revelar-lhes que terão que voltar ao limbo das ideias, onde a a sua melhor esperança passa por uma cirurgia plástica. Espero ainda conseguir ainda explorar um pouco mais o Vascarò e o seu malvado amo Savincar, mas o cadafalso das ideias já tem lugares cativos para eles…

Foi um Verão lento mas de todo desprovido de eventos, entre os quais um problema no disco rígido do meu portátil que, não fosse pelo meu disco externo (abençoado seja), teria resultado em perdas irreparáveis, tanto ao nível da estruturação do sexto volume como de uns trabalhos de tradução que estava a fazer. Acabou por não ser uma perda drástica, mas atrasou-me um pouco, acabou por prolongar o meu encouchamento literário, e forçou-me a ir à procura de portáteis em promoção.

Em relação ao meu projecto de BD, as coisas na Islândia não correram de feição, pois as duas editoras que eu fui abordar no espaço de duas semanas passaram por um processo de aquisição na primeira, e outro de fusão na segunda. Não foi portanto a melhor altura para apresentar o manuscrito, e embora tenha ficado com os contactos necessários para uma posterior abordagem, fiquei ainda assim um pouco chateado com a minha sorte, pois contava já deixar este assunto tratado, para me poder dedicar totalmente às Crónicas. Enfim.

Fica então aqui este registo de que sim, estou vivo, e continuo a trabalhar no sexto volume, embora ainda numa fase meramente preparatória. Até à próxima, e boas leituras.