Baldur’s Gate

O ano era 1998, e o manuscrito que até então tinha consistido das aventuras de Aezrel Thoryn e Zoryan estava já em plena transição para a saga de Aewyre & Cia. O meu entretenimento durante o secundário consistia de escrever, jogar jogos de computador e Dungeons & Dragons. Este último, em virtude do tempo que me levava a preparar, acabava por quase ser uma actividade de escrita em paralelo, e deu-me muitas e boas horas de inspiração e diversão.

Qual não foi o meu regozijo e o dos meus jogadores quando, no final desse ano, foi por fim lançado o jogo que prometia revolucionar dois dos nossos passatempos favoritos. Gráficos SVGA de 16 bits! Mais de 100 feitiços! Seis raças e 26 classes e subclasses! Pele e cor de cabelo personalizáveis… e a armadura que tu puseres no teu personagem é retratada no ecrã! Falo, obviamente, de Baldur’s Gate, um dos mais influentes jogos do seu género, que cunhou indelevelmente o meu imaginário.

Embora esta categoria de publicações sirva para isso mesmo, não vou estar aqui a discorrer sobre o jogo. É bom, pareceu-me na altura melhor do que realmente é, e os seus sons e efeitos visuais tornaram-se na minha cabeça o protótipo daquilo que devia ser a sonoplastia de um mundo de fantasia. Nem de propósito, o motivo pelo qual hoje me lembrei disto foi graças à escrita de um capítulo em que se fala de soyg, a bebida favorita de má memória de um certo thuragar de boa memória dos leitores das Crónicas.

Ora como nasceu soyg? Qual o processo que levou à sua criação? E porque parece a palavra tão deslocada da fonética áspera e pétrea do idioma dos thuragar? Muito simples: soyg não foi concebida por mim, mas sim adoptada e readaptada de um som peculiar que jogadores de Baldur’s Gate certamente reconhecerão. Basta-lhes visitar uma qualquer taverna que tenha um freguês anão, clicar nele e esperar que saia a clássica linha de diálogo «I need a swig o’ some strong dwarven ale».

Há algo na dicção e cadência do actor de voz que, aos meus ouvidos, fez com que swig soasse a algo parecido com «soyg», e pareceu-me o nome perfeito para uma bebida referida numa conversa passageira, mas que acabou por se transformar numa referência para os fãs do Worick. E assim nasceu a zurrapa mais odiada pela superfície de Allaryia.